CONCORDÂNCIA NOMINAL

 

A concordância nominal diz respeito aos mecanismos de flexão para adaptação de elementos determinados aos seus respectivos determinantes.

 

Como REGRA GERAL, podemos definir a concordância nominal da seguinte forma:

 

ADJETIVOS (e palavras de valor adjetivo) são variáveis e concordam com o substantivo a que se referem.

 

ADVÉRBIOS, que classicamente se referem a verbos, adjetivos e advérbios, são invariáveis e, portanto, não se flexionam.

 

Essa regrinha, bem aplicada, ajudará você na resolução de um número muito significativo de casos de concordância nominal. Há, no entanto, alguns casos especiais que listarei a seguir.

 

  1. Um adjetivo após vários substantivos

 

1.1 Quando os substantivos são do mesmo gênero há duas concordâncias:

 

a) assumir o gênero do substantivo e flexionar-se no Ex.: Vimos um professor e um aluno tímidos.

 

b) concordar só com o último substantivo em gênero e número. Ex.: Vimos um professor e um aluno tímido.

 

Quando os substantivos são do mesmo gênero as duas concordâncias podem ser usadas, embora a primeira seja mais adequada porque mostra que a característica é atribuída aos dois substantivos e evita ambiguidades.

 

Se o último substantivo estiver no plural, a concordância só poderá ficar no plural. Ex.: Vimos um professor e vários alunos tímidos. .

 

Se o adjetivo funcionar como predicativo, o plural será obrigatório. Ex.: O professor e o aluno são tímidos.

 

1.2 Quando os substantivos são de gêneros diferentes também há duas possibilidades:

 

a) ir para o masculino plural. Ex.: Comprei camarão e sardinha frescos.

 

b) concordar só com o substantivo mais próximo. Ex.: Comprei camarão e sardinha fresca.

 

No caso de substantivos de gêneros diferentes o adjetivo irá para o masculino plural, se o adjetivo tiver a função de predicativo. Ex.: O camarão e a sardinha estão frescos.

 

  1. Um adjetivo anteposto a vários substantivos – A concordância se dará com o substantivo mais próximo. Ex.: Tiveste má ideia e pensamento. / Velhos livros e revistas estavam empilhados na prateleira.

 

Quando o adjetivo exerce a função de predicativo, ele pode concordar só com o primeiro ou ir para o plural, mas deverá acompanhar a concordância do verbo.  Ex.: Foi aprovada a aluna e o aluno. / Foram aprovados a aluna e o aluno.

 

Se o adjetivo anteposto se referir a nomes próprios, o plural será obrigatório. Ex.: As lindas Aline e Patrícia são irmãs.

 

  1. Um substantivo e mais de um adjetivo – Admitem-se duas concordâncias:

 

a) Quando o substantivo estiver no plural, não se usa o artigo antes dos adjetivos. Ex: Estudava os idiomas francês e inglês.

 

b) Se o substantivo estiver no singular, o uso do artigo será obrigatório a partir do segundo adjetivo. Ex.: Estudo a língua inglesa, a francesa e a

 

  1. É bom, é necessário, é proibido – Essas expressões concordam obrigatoriamente com o substantivo a que se referem, quando for precedido de artigo ou de outro elemento determinante que traga marca de gênero. Caso contrário, são invariáveis. Ex.: Sopa é bom. / Minha sopa é boa.

 

  1. Um e outro – Nesse caso o substantivo fica no singular e o adjetivo vai para o plural. Ex.: Numa e noutra questão complicadas ela se atrapalhava.

 

  1. Nem um nem outro – Nesse caso, tanto o substantivo como o verbo devem ficar no singular. Ex.: Nem um nem outro aluno estudioso faltou.

 

  1. Anexo, incluso, apenso, próprio, obrigado –  Por serem adjetivos, concordam com o substantivo a que se referem. Aplica-se, no caso, a regra geral. Ex.:Seguem anexos os documentos. / A procuração está apensa aos autos. / Os documentos estão inclusos no processo. /Obrigado, disse o rapaz. / Elas próprias resolveram os exercícios.

 

Observação: A expressão em anexo é invariável. Ex.: Em anexo, seguem as fotos. / Segue, em anexo, o despacho.

 

  1. Bastante, muito, pouco –Tanto pode ser advérbio como pronome. Quando for advérbio permanece invariável. Quando é pronome concorda com a palavra a que se refere. Note que, mais uma vez, aplica-se a regra geral! Ex.: Havia bastantes pessoas na fila. / Eles chegaram bastante cedo à Universidade.

 

  1. Menos – É uma palavra invariável!!!!! Ex.: O Amazonas é o Estado menos populoso do Brasil. / Havia menos alunas na sala hoje.

 

  1. Meio – Essa palavra pode ser numeral ou advérbio. Aplica-se, pois, a regra geral:

 

a) Quando for numeral é variável e concorda com a palavra a que se refere. Ex.: Tomou meia garrafa de vinho. / Isso pesa meia

 

b) Se for advérbio é invariável. Ex.: Ela estava meio Joana anda meio triste.

  1. Caro, barato, sério – Quando essas palavras funcionam como adjetivo variam de acordo com a palavra a que se referem. Se funcionarem como advérbio são invariáveis. Ou seja, mais uma vez temos a regra geral!!! Ex.: Os perfumes eram caros. / Os livros custam caro.

 

  1. Só – Mais uma vez, aplicaremos a regra geral:

 

a) Quando tem o significado de sozinho(s) ou sozinha(s) essa palavra, que será um adjetivo, flexiona-se para fazer a concordância. Ex.: Joana ficou em casa. (sozinha) /Lúcia e Lívia ficaram sós. (sozinhas)

 

b) Ela é invariável quando significa apenas/somente, caso em que será advérbio.

 

Ex.: Depois da guerra restaram cinzas. (apenas) / Eles queriam ficar na sala. (apenas)

 

Observação: A locução adverbial a sós é invariável.

 

  1. Possível – Quando acompanhada de expressões superlativas (o mais, a menos, o melhor, a pior) varia conforme o artigo que integra as expressões. Ex.: As previsões eram as piores possíveis. / Recebemos a melhor notícia possível. / Eram situações o mais estranhas possível. / Eram situações as mais estranhas possíveis.
  1. Junto – Regra geral mais uma vez:

 

Quando for adjetivo, concorda com o substantivo a que se refere. Ex.: As irmãs estão juntas.

 

Quando for parte de uma locução (junto a, junto de, junto com), ganha caráter adverbial e fica invariável. Ex.: Elas estão junto à porta.

 

  1. Tal qual – O primeiro termo (tal) concorda com o elemento que o precede e o segundo elemento (qual) concorda sempre com o termo que vem depois. Ex.: Os filhos são tais qual o pai. / O filho é tal quais os pais.

 

  1. Todo(s)/Toda(s) – Quando funcionam como pronomes indefinidos adjetivos, fazem a devida flexão, em respeito à regra geral. Ex.: Toda pessoa tem direito à vida.

 

Quando for advérbio, fugirá à regra, podendo ser flexionado!!!!

 

Assim, em respeito à regra, temos: A casa está todo suja. Temos, no entanto, também a possibilidade de: A casa está toda suja. Dessa forma, TODO se configura como uma exceção à regra, sendo um advérbio variável!!!!!

 

Se você sentir falta de algum caso, é só nos escrever e teremos o maior prazer em incluir!!!!

 

Por hoje é só!

 

Beijinhos,

 

Prof.ª Dr.ª Patrícia Corado

 

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ADJETIVO, ADVÉRBIO, CONCORDÂNCIA NOMINAL, Língua Minha, MEIA, MEIO, O MAIS INTERESSANTE POSSÍVEL
4 Comentários
  • Patricia Souza
    Postado 23:59h, 12 junho Responder

    Se o adjetivo é anteposto a dois nomes próprios de gêneros diferentes, sendo o primeiro deles feminino, ele deve ir para o plural em qual gênero? Ex. querid?s maria e joão

    • Língua Minha
      Postado 21:26h, 20 julho Responder

      Masculino plural (Queridos Maria e João).
      Um abraço,
      Patrícia

  • Fabio Rodrigues Pinheiro
    Postado 18:41h, 01 março Responder

    Boa tarde, Profa. Patrícia.
    Estou traduzindo um texto do francês para o português e há um trecho no qual quero colocar o advérbio “todo”, para intensificar o adjetivo “empolgadas”. Como se sabe, em regra geral, o advérbio é invariável; no entanto, conforme você explicitou, em alguns casos, o advérbio “todo” foge a essa regra.
    Bom o trecho que traduzi ficou assim: “Os dois homens comiam em silêncio, enquanto as mulheres, ?????? empolgadas com os cumprimentos do Velho Soriba, iam de um cômodo ao outro, rindo.” Os pontos de interrogação se referem à posição onde quero colocar o advérbio “todo”.
    Alguns esclarecimentos: 1. Em “Velho Soriba”, a palavra “velho” é com maiúscula mesmo, pois é o nome do personagem; 2. As mulheres às quais o texto se refere são três.
    No exemplo que você deu ao tratar do advérbio “todo” (A casa está TODA suja), o advérbio variou em gênero, pois se refere a um adjetivo feminino singular (suja). No meu caso, quero fazer o advérbio intensificar um adjetivo feminino plural (empolgadas). Se eu fizer a concordância tanto em gênero quanto em número, fica assim: “[…] enquanto as mulheres, TODAS empolgadas com os cumprimentos […]” No entanto, ao ler essa frase, a interpretação que me vem é de que elas todas, cada uma delas, estavam empolgadas com os cumprimentos, e a ideia que quero transmitir não é essa, mas a de que elas estavam bastante, fortemente empolgadas.
    O que me diz? Na sua opinião, há alguma maneira de expressar o que eu gostaria sem abrir mão do advérbio “todo” em proveito de outro?
    Obrigado pela atenção.
    Abraços!

    • Língua Minha
      Postado 10:20h, 02 março Responder

      Fábio, sua pergunta é ótima! De fato, concordo que o uso de TODAS gerará uma ambiguidade, sendo possível também a interpretação de uma referência pronominal às mulheres (todas elas). Por outro lado, uso de TODO, forma invariável do advérbio, roubaria a informalidade do texto e causaria uma indesejada estranheza ao leitor contemporâneo. É uma opção correta do ponto de vista gramatical; mas não a vejo como uma boa opção do ponto de vista da interação verbal… Eu optaria pelo superlativo absoluto sintético em lugar do analítico e usaria “empolgadíssimas”, que é uma forma a um só tempo correta, incorporada ao uso cotidiano e livre do risco da ambiguidade.
      Um abraço,
      Patrícia

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