Chiquíssima, chiquérrima, chiquésima?
Queridos, a correção do superlativo de palavras como “chique”, “elegante”, “cafona” é tema que recorrentemente me chega como dúvida de alunos e amigos.
O fato é que a formação do superlativo absoluto sintético dos adjetivos se faz com o sufixo “-íssimo”:
original – originalíssimo
natural – naturalíssimo
vulgar – vulgaríssimo
Se o adjetivo terminar em vogal, a vogal final desaparece com o acréscimo do sufixo superlativo “-íssimo”:
lindo – lindíssimo
chique – chiquíssmo
elegante – elegantíssimo
cafona – cafoníssimo
sério – seriíssimo (ou seríssimo)
Acontecem na língua casos em que, ao receber o sufixo “-íssimo”, o adjetivo reassume características da forma latina. É o que ocorre, por exemplo, em amável (amabilíssimo), feliz (felicíssimo), comum (comuníssimo), pagão (paganíssimo).
A esta altura o leitor deve estar se perguntando: E o sufixo ‘-érrimo”? Ele não existe? Está errado sempre?
A resposta é: O sufixo “-érrimo”, na verdade, é o sufixo latino “-imo” ou “-rimo” que aparece em superlativos que já vieram assim do latim: acre (acérrimo), humilde (humílimo), livre (libérrimo), magro (macérrimo), negro (nigérrimo), pobre (paupérrimo).
Então, podemos dizer que “chiquérrimo”, “elegantérrimo”, “cafonérrimo” são formas erradas?
Do ponto de vista normativo, considerando gêneros formais, sim!
É importante não perder de vista, no entanto, o fato de que há uma indiscutível expressividade no uso dessas formas por parte dos falantes. Parece-nos que “elegantérrimo” é mais do que “elegantíssimo”, não é mesmo? Assim, podemos dizer que, em contextos e gêneros textuais que permitam mais liberdade criativa e um maior grau de informalidade, essas formas podem cumprir o seu papel expressivo de dar intensidade à superlativização. Isso faz parte da vida das línguas! Mas lembre-se de que é um uso informal!
Professora, é o “sufixo -ésimo”, que se usa em “chiquésimo”, “elegantésimo”?
Esse elemento “-ésimo” não figura entre os sufixos superlativos da língua. Parece-nos um empréstimo feito da classe dos numerais ordinais (vigésimo, trigésimo, centésimo…). A criatividade do falante é infinita e sempre interessante. Normativamente, porém, não se fazem superlativos absolutos sintéticos de adjetivos com esse elemento.
Por hoje, é só!
Um beijo carinhosíssimo para você!
Prof.ª Dr.ª Patrícia Corado
Rogerio Carneiro Campello
Postado 16:14h, 16 fevereiroProfessora, pode não existir, mas você é elegantérrima e elegantésima.