TIPOS DE SUJEITO

Você conhece esse SUJEITO?

 

Há muitas formas para se ensinar sintaxe e não pretendo com este post fazer críticas a nenhuma delas. Escolho, entre as várias, aquela que mais me convence e o faço pelo simples motivo de que só me sinto capaz de convencer alguém se eu também estiver convencida…

 

Dito isso, trago como primeira discussão a própria identificação do sujeito. Muitos o definem como “aquele que pratica a ação”, outros como “aquilo de que se faz uma declaração”… Como são definições que trazem muitas lacunas, prefiro entender que o SUJEITO é o espaço gramatical ocupado por uma estrutura nominal, cujo núcleo é um elemento de valor substantivo, que determinará a flexão do verbo. Assim, em “Pelo bom cozinheiro, o bolo foi feito.”, o sujeito é o bolo. Por quê? Por que praticou a ação? Não, até porque não a praticou, né? Por que dele se faz uma declaração? Acho discutível… parece-me que o cozinheiro é que está em evidência na sentença… O “bolo” é o sujeito porque uma estrutura que determina a flexão do verbo. Para comprovar isso, coloque a palavra “bolo” no plural e verifique que o verbo o acompanhará: “Pelo bom cozinheiro, os bolos foram feitos.”.

 

Essa forma mais estrutural de identificar (e ensinar) o sujeito, sofre críticas, sobretudo fundadas no argumento de que o falante muitas vezes, por descuido ou desconhecimento, não faz a concordância entre o sujeito e o verbo, ou, ainda, justificadas pelas exceções de concordância –  como a do verbo SER, o qual pode, em casos específicos, concordar também com o predicativo (e não apenas com o sujeito)  ou como a da chamada concordância atrativa. Penso, particularmente, que  – pesados os prós e contras – essa é ainda a definição mais convincente e a que trará a você, estudante e interessado pelo conhecimento da nossa língua, menos possibilidades de erros…

 

 

O SUJEITO pode, classicamente, ser definidos como: simples, composto, oculto, indeterminado ou inexistente.

 

Se o sujeito estiver escrito na sentença, teremos um sujeito simples, se a estrutura nominal tiver apenas um núcleo, ou um sujeito composto, se a estrutura nominal tiver dois ou mais núcleos:

 

Pedro é inteligente. Núcleo = Pedro Sujeito Simples
Quem fez o exercício? Núcleo = Quem Sujeito Simples
Alguém foi encontrado... Núcleo = Alguém Sujeito Simples
Eram impressionantes os saltos do rapaz. Núcleo = saltos Sujeito Simples
Tita e Carlos são irmãos. Núcleos = Tita / Carlos Sujeito Composto
A beleza, a bondade e o caráter têm lugar reservado no céu. Núcleos = beleza / bondade/ caráter Sujeito Composto

 

Quando o sujeito, mesmo não estando escrito na sentença, é identificável pela desinência do verbo, costuma-se dar a ele o nome de sujeito oculto. Ele também pode ser chamado de desinencial, implícito, elíptico…

 

 

Quando, por razões várias, há o desejo de indeterminar, omitir, dissimular a identidade do ser a quem o sujeito se refere, recorre-se a construções geradoras do que se define como sujeito indeterminado. Há, oficialmente, três maneiras de indeterminar o sujeito na Língua Portuguesa:

 

I – Oração com verbo na 3ª pessoa do plural sem menção anterior a um elemento que seria o sujeito:

 

Falaram mal de você.   =>   Sujeito Indeterminado

 

  • Não confundir com situações em que o sujeito está mencionado anteriormente:

João e Gabriel me encontraram ontem. Falaram mal de você.   =>         Sujeito: João e Gabriel

 

II – Verbo (Transitivo Indireto, Intransitivo ou de Ligação), na 3ª pessoa do singular, acrescido do pronome SE, nos casos em que o agente é ignorado:

 

Discutiu-se sobre as bases do novo governo.   =>    Sujeito Indeterminado

Aqui se vive em paz.   =>    Sujeito Indeterminado

 

  • Não confundir com situações em que o agente está claro na sentença:

      João se basta.   =>   Sujeito: João

 

 

III –  Verbo no infinitivo com um agente generalizado.

 

Chorar alivia a alma.    =>     Sujeito Indeterminado

É essencial beber muita água.   =>     Sujeito Indeterminado

 

Há ainda as chamadas orações sem sujeito, cujo sujeito, como o próprio nome diz, é inexistente. Haverá na nossa língua sujeito inexistente quando o verbo da oração for impessoal. Assim, se, como vimos lá em cima, o sujeito é quem determina a concordância verbal, nesses casos o verbo, que não tem sujeito, ficará sempre na 3ª pessoa do singular. Exemplos:

 

I – Verbos indicando fenômeno da natureza (em sentido denotativo):

 

Choveu muito ontem.    =>      Sujeito inexistente

Choveu reclamação.    =>     Sentido conotativo     =>     Sujeito: reclamação

 

II – Verbo HAVER no sentido de existir ou ocorrer:

 

Houve muitas festas por aqui.   =>    Sujeito inexistente

 

III – Verbos FAZER, HAVER e IR indicando tempo decorrido:

 

Faz anos que nos conhecemos.   =>    Sujeito inexistente

muito quero ver seus filhos.   =>      Sujeito inexistente

Vai uns dez anos que já não vejo José.   =>   Sujeito inexistente

 

IV – Verbo FAZER em indicações de clima.

 

Faz muito frio no Sul.    =>     Sujeito inexistente

 

V – Verbos SER e ESTAR acompanhados de fenômeno expresso por substantivo, adjetivo ou advérbio, sem que a casa sintática do sujeito esteja preenchida:

 

Está cedo.    =>    Sujeito inexistente

Ainda era madrugada.   =>    Sujeito inexistente

Está frio aqui.   =>    Sujeito inexistente

 

  • Não confundir com situações em que a casa sintática do sujeito esteja devidamente ocupada por estrutura nominal que desempenhe a função de sujeito:

O dia está frio.   =>     Sujeito: o dia

 

Para não haver dúvida, veja o mapa mental:

 

 

 

Vamos treinar?

 

Classifique o sujeito conforme o código abaixo:

 

(SS) Sujeito Simples

(SC) Sujeito Composto

(SO) Sujeito Oculto

(SInd) Sujeito Indeterminado

(SInex) Sujeito Inexistente

 

 

  1. a) ( ) Em dezembro, ainda durante as férias, iniciei as atividades na empresa.
  2. b) ( ) Foram contratados dois novos funcionários.
  3. c) ( ) Poderia haver outros interessados.
  4. d) ( ) Aqui se depende de cargos públicos.
  5. e) ( ) Encontraram gente nova por aqui.
  6. f) ( ) Anos depois, ele morreria…
  7. g) ( ) Entraram no saguão os jogadores e o técnico.
  8. h) ( ) O lugar oferecia-lhe tudo.
  9. i) ( ) Fui eu a causa do conflito.
  10. j) ( ) Fazia muito calor no sertão.

 

RESPOSTAS:

[linguaminha more=”Exibir Respostas” less=”Esconder Respostas”]a) SO; b) SS; c) SInex; d) SInd; e) SInd; f) SS; g) SC; h) SS; i) SS; j) SInex.[/linguaminha]

 

 

Fique, agora, com um “mega vídeo” sobre a matéria:


 

Por hoje é só!

Um beijo!

 

Prof.ª Dr.ª Patrícia Corado

Tags
Sujeito composto, Sujeito elíptico, Sujeito indeterminado, Sujeito inexistente, Sujeito oculto, Sujeito simples, Tipos de sujeito
20 Comentários
  • Fabiana Rocha Tavares
    Postado 14:23h, 11 outubro Responder

    Excelente explicação!

  • adriana souza marque
    Postado 15:26h, 17 agosto Responder

    Que bom que eu te encontrei, amei suas explicacoes .

  • Wesley Ferreira
    Postado 23:56h, 27 setembro Responder

    Nossa, adorei a aula! Professora, tem a continuação dela?

    • Patrícia Corado
      Postado 15:15h, 11 outubro Responder

      Wesley, essa aula foi dada presencialmente. Gravamos por acaso e o vídeo acabou vindo para o site. rsrs Temos muitos vídeos com outras matérias aqui… Obrigada pela sua visita e pelo gentil comentário!

  • Wesley Ferreira
    Postado 00:01h, 28 setembro Responder

    Que didática maravilhosa.

  • Wagner Oliveira
    Postado 10:38h, 28 julho Responder

    Bom dia Professora Patrícia Corado! Professora, primeiramente quero parabeniza-la por disponibilizar seu tempo para ofertar aulas gratuitas de excelente qualidade no seu site! Professora fiquei com uma dúvida sobre o item – III – de como indeterminar o sujeito na oração (III – Verbo no infinitivo com um agente generalizado.) lê o post todo e vê a aula acima,mas não ficou muito claro para min, o que é o: agente generalizado. A senhora poderia me explicar por gentileza através de uma vídeo aula ou por aqui mesmo, por favor? E nos exemplos : “Chorar alivia a alma. => Sujeito Indeterminado / É essencial beber muita água. => Sujeito Indeterminado.” Por que o sujeito é indeterminado? Fiquei com esta duvida, porque quando eu faço a pergunta: o que alivia a alma? e como resposta tenho: chorar, e no segundo exemplo: o que é essencial? logo a resposta seria beber muita água. Por que temos este vicio ” de linguagem” de fazer estas perguntas: o que alivia a alma? e como resposta tenho: chorar / o que é essencial? logo a resposta seria beber muita água. Como posso fazer para perder este vicio de linguagem? em querer fazer estas perguntas? Porque quando eu faço estas perguntas “”erradas” vou encontrar um sujeito “errado”!

  • Língua Minha
    Postado 08:36h, 10 agosto Responder

    Oi, Wagner, um infinitivo com agente generalizado ocorre por exemplo em CHORAR alivia a alma. Veja que não estou dizendo que o sujeito de “alivia” é indeterminado, o sujeito de “alivia”, de fato, é “chorar”! Agora, qual é o sujeito de CHORAR? Trata-se aí de um verbo no infinitivo com agente generalizado (qualquer um CHORAR…). Quando digo que “CHORAR alivia a alma” não me refiro a uma pessoa específica, mas a qualquer um. Assim, temos aí um caso de indeterminação do sujeito. Reforço que estou dizendo que o sujeito do CHORAR é indeterminado, não me refiro aqui ao sujeito do “alivia”.
    Entendeu?
    Obrigada pela sua visita.
    Um abraço,
    Patrícia

    • Wagner Oliveira
      Postado 16:03h, 11 setembro Responder

      Boa tarde Professora Patricia. Agora entendi (fez sentido para min!). Super Obrigado!!!

      • Língua Minha
        Postado 11:57h, 24 setembro Responder

        Que bom, Wagner!!!! Fico muito feliz com o seu comentário!
        Um abraço!
        Patrícia

  • Paulo Vitor da Silva Gonçalves
    Postado 15:17h, 17 junho Responder

    Excelente explicação me ajudou muito nas tarefas

  • Priscila Venâncio Costa
    Postado 14:46h, 12 setembro Responder

    Finalmente, meu Deus! Encontrei alguém cuja percepção ultrapassa a dos compêndios gramaticais! Amei!

    • Língua Minha
      Postado 18:41h, 15 outubro Responder

      Fico muito feliz com as suas palavras, Priscila!!!
      Fique sempre por aqui!
      Beijos

  • Richard Fernandes
    Postado 05:50h, 14 janeiro Responder

    Professora, parabéns por suas explicações. É, fiquei em dúvidas na frase: VAI UNS DEZ ANOS QUE JÁ NÃO VEJO JOSÉ. Eu aprendi que para cada verbo temos um sujeito. Nesse caso o sujeito do verbo VEJO não seria José? Tem como a senhora dar um esclarecimento bem básico para eu compreender?

  • Wallace
    Postado 00:42h, 25 janeiro Responder

    Foi a melhor explicação que já vi!!!
    Excelente aula!!!

  • beny
    Postado 17:08h, 03 novembro Responder

    Amei sua aula!!!!! Muito completa todas as explicações.

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